domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma rua chamada desilusão


Uma rua chamada desilusão
Por Alexandre Nicoletti Hedlund

Não era outono ou a estação do amor
E o dia não tinha nada de especial
Sequer havia o pôr do sol dos amantes
ou a garoa fina dos que sentem saudade

mas aos poucos foi crescendo uma dor
e o instante se fez vendaval
distorcendo o sorriso dos passantes
levando cada pedaço de felicidade

entre seus dedos o pobre homem tentava segurar
o que apenas a ele debaixo do sol cabia
com todas as forças que ainda lhe restavam
defendia seu precioso coração

mas certos caminhos da vida não se podem evitar
e o tolo homem já não sabia
mas seus passos na escuridão lhe conduziram
para uma rua chamada desilusão

e então se notou sem rumo, perdido
e nada lhe parecia familiar ao redor,
seu corpo se arrastava pela rua sem fim
rompendo o silêncio com seus sapatos

e mergulhando naquela rua, desiludido
sentia-se estranho em olhos cheios de torpor
na boca o gosto amargo da traição carmim
sentia-se mais sujo que os ratos

recostou-se num banco qualquer
que aquela cinza tarde agora lhe ofertava
e notou ao seu lado uma rosa despedaçada
poética pintura abstrata na paisagem

distante viu uma moça com traços de mulher,
em um sorriso assim ela o convidava
na alcova de seu peito fazer morada
e tolo, ele creu naquela miragem

e o pobre homem assim continuava
mirando nas vitrines suas fraquezas
sem entender os erros do passado
sem entender como as coisas são e para onde vão

e a rua, assim como a vida, logo ali acabava
e agarrando-se novamente as poucas certezas
da paixão que agora haviam lhe arrancado
procurou dobrar a esquina, dessa rua desilusão.

5 comentários:

  1. Lindo!!! Amei, esta arrasando meu querido primo!

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  2. Já sou sua fã, tens alma de poeta querido prof.

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  3. Parabéns pelo poema! Amo ler e seu texto me prendeu, me fez vizualizar o personagem...

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  4. Agradeço os comentários... São o combustível para continuar trilhando meus caminhos transeuntes...

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  5. Seus textos são muito bonitos, merecem muitos elogios. Parabéns! Faz bem para a alma escrever assim.

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