quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Acalento ao coração

Acalento ao Coração
Por Alexandre Nicoletti Hedlund 

Ao abrir a porta da rua
veio-lhe de imediato a imagem
a certeza do silêncio da noite
e a chuva que ensaiava cair

e talvez pela ausência da lua
talvez pela solidão da paisagem
tudo lhe ecoou como um açoite
que ele teimava em sentir

as pernas lhe pesavam ao subir
multiplicando as escadas na escuridão
e não lhe permitiam chegar
na sala onde os quadros lhe alertaram

o que pretendes ouvir?
nesse espaço repleto de solidão
não há ninguém a lhe esperar
somente lembranças que restaram...

Então lhe foi necessário abandonar
as coisas em um canto qualquer
e a se olhar no espelho e enfrentar
pois precisava novamente viver

e tentou ser corajoso e lutar
contra a essência do perfume da mulher
que enfeitiçava por completo o lugar
e que jamais lhe permitiria esquecer

Recostou-se na parede tão fria
sem poder evitar a tristeza
que lhe trazia agora a lembrança
que lhe fazia agora chorar

e naquela cena triste e vazia
pôde então sentir a leveza
como um sopro de esperança
lhe fez assim suspirar

e ainda que estivesse sozinho,
por mais que escapasse à razão
sentiu o tempo parar um momento
lhe era concedido sonhar,

com a delicadeza sutil de um carinho
arrebatando-lhe o coração
na ternura do gesto, acalento 
daquela que prometera amar.

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