quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Blefe

O Blefe
Por Alexandre Nicoletti Hedlund

As cartas jogadas na mesa
os olhos afoitos no ar 
e o destino? como confrontá-lo
na certeza incerta da cartada final

o verde veludo atestava a fraqueza
nada se podia, infelizmente, mudar
tantos sonhos jogados no ralo
agora só lhe faziam mal

 virou carta após carta
umas de valor, outras não
pouco a se considerar de quem errou

que vida ingrata!
não admite agora o perdão
daquele que, por tanto tempo, blefou.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

I´ll follow the sun - Beatles

I´ll follow the Sun - The Beatles
 

Embora não seja novidade alguma, essa também está entre as mais tocadas na discoteca do Marinheiro Bob. 

Ela diz muito mais do que parecem crer os olhos despercebidos dos passantes. Absolutamente indelével, sua letra e composição afirmam o pensamento positivo e a necessidade de ser transeunte, afinal,  amanhã talvez chova, então eu seguirei o sol...

abraços 

Transeunte Indelével

Em que estão eu te encontraria?

Em que estão eu te encontraria?


Caros cúmplices (leitores), a cada dia acompanho os acessos no blog e percebo que o número aumenta e provém dos mais diversos lugares do mundo. Sim, há transeuntes como eu que acessam a partir da Rússia, Estados Unidos e Europa, por exemplo.

Assim, diante de uma curiosidade própria daquele que é transeunte, pergunto e peço que se manifestem nos comentários....

Se eu, indelével de coração, transeunte de alma, pegasse um trem, navio ou avião, em que estão eu te encontraria?


Aguardo ansioso pelas respostas...


Abraços

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma rua chamada desilusão


Uma rua chamada desilusão
Por Alexandre Nicoletti Hedlund

Não era outono ou a estação do amor
E o dia não tinha nada de especial
Sequer havia o pôr do sol dos amantes
ou a garoa fina dos que sentem saudade

mas aos poucos foi crescendo uma dor
e o instante se fez vendaval
distorcendo o sorriso dos passantes
levando cada pedaço de felicidade

entre seus dedos o pobre homem tentava segurar
o que apenas a ele debaixo do sol cabia
com todas as forças que ainda lhe restavam
defendia seu precioso coração

mas certos caminhos da vida não se podem evitar
e o tolo homem já não sabia
mas seus passos na escuridão lhe conduziram
para uma rua chamada desilusão

e então se notou sem rumo, perdido
e nada lhe parecia familiar ao redor,
seu corpo se arrastava pela rua sem fim
rompendo o silêncio com seus sapatos

e mergulhando naquela rua, desiludido
sentia-se estranho em olhos cheios de torpor
na boca o gosto amargo da traição carmim
sentia-se mais sujo que os ratos

recostou-se num banco qualquer
que aquela cinza tarde agora lhe ofertava
e notou ao seu lado uma rosa despedaçada
poética pintura abstrata na paisagem

distante viu uma moça com traços de mulher,
em um sorriso assim ela o convidava
na alcova de seu peito fazer morada
e tolo, ele creu naquela miragem

e o pobre homem assim continuava
mirando nas vitrines suas fraquezas
sem entender os erros do passado
sem entender como as coisas são e para onde vão

e a rua, assim como a vida, logo ali acabava
e agarrando-se novamente as poucas certezas
da paixão que agora haviam lhe arrancado
procurou dobrar a esquina, dessa rua desilusão.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Acalento ao coração

Acalento ao Coração
Por Alexandre Nicoletti Hedlund 

Ao abrir a porta da rua
veio-lhe de imediato a imagem
a certeza do silêncio da noite
e a chuva que ensaiava cair

e talvez pela ausência da lua
talvez pela solidão da paisagem
tudo lhe ecoou como um açoite
que ele teimava em sentir

as pernas lhe pesavam ao subir
multiplicando as escadas na escuridão
e não lhe permitiam chegar
na sala onde os quadros lhe alertaram

o que pretendes ouvir?
nesse espaço repleto de solidão
não há ninguém a lhe esperar
somente lembranças que restaram...

Então lhe foi necessário abandonar
as coisas em um canto qualquer
e a se olhar no espelho e enfrentar
pois precisava novamente viver

e tentou ser corajoso e lutar
contra a essência do perfume da mulher
que enfeitiçava por completo o lugar
e que jamais lhe permitiria esquecer

Recostou-se na parede tão fria
sem poder evitar a tristeza
que lhe trazia agora a lembrança
que lhe fazia agora chorar

e naquela cena triste e vazia
pôde então sentir a leveza
como um sopro de esperança
lhe fez assim suspirar

e ainda que estivesse sozinho,
por mais que escapasse à razão
sentiu o tempo parar um momento
lhe era concedido sonhar,

com a delicadeza sutil de um carinho
arrebatando-lhe o coração
na ternura do gesto, acalento 
daquela que prometera amar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

sobre o tempo...

Poeminha de improviso, inspiração porém sem talento
sem muito labor ou suor, me conduzo apenas por lamentos
quem sabe em outra vida, eu receba o dom que outros tem
em um pacote bem feitinho, e possa do meu jeito, ser poeta também.


Sobre o tempo...
Por Alexandre Nicoletti Hedlund

Esses dias me peguei pensando
nas coisas que o tempo cura
e naquelas que ele insiste em manter
presas de algum jeito

E conforme o tempo ia passando
a mente refletindo muda
somente senti a força de sofrer
pondo estacas no peito

e o tempo sábio por si
no silêncio insistiu na dor
de um sofrimento sem alarde

por isso, aprende e cuida de ti
conserva o que te tem valor
antes que a tudo seja tarde.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Da Série: se teu pai soubesse...

devaneio de transeunte...


o velho Karl Nietzsche chegava em casa depois de um dia de trabalho pesado na igreja. Sua amada esposa Franziska pediu-lhe, mesmo sabendo que havia se esgotado em seu labor, que pregasse algumas portas do armário da cozinha. Karl arrastou seu corpo até uma despensa onde tentou localizar as ferramentas. De repente se ouviu um grito:

- Friedrich Wilhelm! Onde está meu martelo!

Na sala, o menino de pouca força batia o martelo por tudo, descrente dos efeitos que podia produzir.