tag:blogger.com,1999:blog-16021392609608529202024-03-18T20:15:18.045-07:00Transeunte IndelévelAlexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.comBlogger77125tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-40036949987811857932013-03-25T20:58:00.000-07:002013-03-25T20:58:00.465-07:00<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><b>O (Des)encantamento - Por Alexandre Nicoletti Hedlund </b></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Encanta-me o século XXI em sua volatilidade e tecnologia atemporal. Provavelmente enquanto reflito sobre isso, já existem novos modelos de tantos utensílios e aparatos que não permitem uma escolha segura. Um tem uma função que o outro não tem. Há uma certa insegurança até mesmo com relação a compra, pois compra-se sabendo de sua - já - descartabilidade. </span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><div style="text-align: justify;">
Encanta-me o século XXI em sua multiplicidade de informações, o que parece eximir a caminhada pelo conhecimento. Enebriados que somos por essa pluviométrica informativa que nos molha, mas não permite o germinar de pensamentos mais profundos. Evoca-se terras fecundas, mas o que se percebe é terreno árido, do qual brotará pouca coisa. </div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><div style="text-align: justify;">
Encanta-me o século XXI em sua surpreendente filosofia instantânea que dispensa a veracidade e o folhear de um livro. Não há necessidade de ler um livro do qual se extraia um pensamento, visto que rapidamente se<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"> pode achar uma citação específica que faça sentido para toda uma vida, pelo menos naquele minuto. </span></div>
</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><div style="text-align: justify;">
Encanta-me o século XXI na repentina resposta para tudo, presente em conselhos e soluções "près-à-porter" para as quais não nos encaixamos, o que nos obriga a rever as perguntas, pois, o oráculo da modernidade, ou pós modernidade como sinalizam alguns, não pode estar errado. A dúvida recai sobre a pergunta, sempre falha, jamais sobre as respostas. Nos resta o molde e a resignação em não nos moldarmos as exigências de uma ditadura que se anuncia. </div>
<div style="text-align: justify;">
Encanta-me o século XXI em sua ditadura da felicidade presente nas pílulas que muito lembram a SOMA. Admirável mundo novo esse que me encanta, tanto quanto os marinheiros de Ulisses seduzidos por Circe. E nesse cenário, temo por não ser digno de receber de Hermes um broto da erva que me faça resistir a tais encantamentos.</div>
</span>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-44440982599905251222011-08-01T21:48:00.000-07:002011-08-01T21:48:25.745-07:00XI - Réquiem para Joaquim<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><img src="http://img2.blogblog.com/img/video_object.png" style="background-color: #b2b2b2; " class="BLOGGER-object-element tr_noresize tr_placeholder" id="ieooui" data-original-id="ieooui" /> <style>
st1\:*{behavior:url(#ieooui) }
</style> <![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style> <![endif]--> <br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27.0pt;">Segue mais um capítulo do Réquiem para Joaquim, escrito nas noites chuvosas e frias desse inverno. Que seja de seu agrado, meus caros.<b> </b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><b>XI – E, se for preciso, apenas não faça nada.</b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Acordei com frio e com uma fraqueza tamanha. Acordei em meio a tudo que estava espalhado em minha vida. Foi assim, meus caros, que despertei naquela manhã silenciosa. Os remédios haviam cumprido sua promessa e, agora, eu havia acordado ou retornado de uma viagem inesquecível. Na dúvida, aceitei o desafio e revirei várias roupas pelo quarto, preparando-me para a jornada. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Olhei meu rosto no espelho e, em um ímpeto de raiva, esmurrei o espelho, cortando minha mão. A raiva daquela imagem, agora já distorcida, me fez chutar algo que estava no chão e, então, um copo se partiu. As coisas não estavam bem. Ao ver as gotas de meu sangue caindo ao chão e manchando as roupas e o tapete, percebi o quanto era frágil, o quanto era humano e que minha condição de mortal em sua fragilidade doentia me exigia uma resposta. Ainda que estivesse autorizado a errar, eu deveria ter forças suficientes para logo adiante ser mais e melhor. Era disso que se tratava a vida e eu estava falhando comigo ao continuar errando.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Lavei as mãos e, mesmo assim, o sangue corria como o leito de um rio revolto. Enrolei minha mão em uma camiseta velha e pressionei para estancar o sangue. Depois de um tempo tudo parou. Até mesmo a raiva de mim. Como tinha pressa, larguei a camiseta no chão e fui. Disse “até breve” para Colombo e segui rumo a minha vida.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">A noite quente de Caracas me recebeu tão graciosa que acreditei estar, realmente, fazendo as pazes com meu passado. Fui direto a um hotel do centro e me hospedei no quarto 503. A vista era muito agradável, e da pequena sacada eu via a imensidão do azul da piscina. Fumei um cigarro enquanto colocava uma dose de whiskey em meu copo. Liguei a televisão e, no canal interno do hotel, Miles Davis preenchia meu coração com “Blue in green”. Apesar da viagem ser cansativa, eu me sentia tão tranquilo que não vi as horas passarem. O vento cintilava ao redor de meu corpo cansado. Quando os cigarros acabaram, adormeci entrelaçado as minhas lembranças.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">No dia seguinte fui até o cemitério “General Del sur” e, após algum tempo, encontrei os túmulos de Alicia e Henrique. Depositei rosas brancas em seus túmulos e então permaneci sentado em silêncio, procurando acalentar meu coração nas recordações de Alicia e na certeza de que ela cuidava de nosso pequeno onde estivesse. Quando decidi me levantar e sair, senti meu mundo girar e acabei por errar a saída. Caminhando por entre os túmulos, fiquei pensando em tantas coisas e me questionei sobre a razão de minha vida e minha vinda a Caracas e, para meu espanto, a resposta estava na Cruz Mestra no centro do cemitério. A alta cruz branca, rodeada de velas e flores trazia inscrito PAZ, disposta tanto na vertical quanto na horizontal.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Compreendi que se tratava de um sinal e, posso confessar-lhes, que aquilo me trouxe um sopro de tranquilidade. Caminhei por entre as ruas tão mudadas daquela velha cidade que havia me abrigado em tempos difíceis. Como eu havia sido feliz naqueles tempos com coisas tão pequenas. Parei em alguns lugares, mas os rostos, agora estranhos, não me diziam mais nada. De alguma forma eu havia cumprido minha missão. Era hora de seguir sem olhar para trás.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Voltei para o hotel com a indubitável certeza de um novo destino. Até pensei em visitar antigos amigos, mas não poderia contraria o universo naquele momento. Quando o restaurante do hotel começou a servir o almoço eu já estava sentado nas cadeiras charmosas de um <i>deck </i>próximo a piscina. Sem muitas demoras fui ao aeroporto, o avião partiria logo no fim do dia.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">A manhã cinzenta e fria de Paris me recebeu com o vento batendo em meu rosto como que querendo me abraçar. Logo eu estava, outra vez, na frente do <i>Cluny Sorbonne</i>. Pierre, um bonachão que parecia ter a idade daquelas paredes, ainda lembrava de mim e me chamou pelo nome. Quase me senti em casa. Enquanto fazia o <i>check-in</i> ele me perguntava de Colombo. Ao contrário da noite anterior, eu estava muito cansado e, após um banho quente, apenas me restava dormir. A garrafa de whiskey que Pierre havia, gentilmente, solicitado que deixassem em meu quarto, ficaria para outro momento.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Apesar do ímpeto que me levara a Paris, sentia-me tão confortável naquela cama que acordei próximo ao meio dia. Era estranho, mas cada vez que me olhava no espelho, sentia-me melhor, com mais cor, com mais brilho, com uma certa esperança, ainda que o olhar ainda trouxesse um sofrimento ímpar.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">O almoço foi na última mesa do restaurante do próprio hotel, de forma que não pudesse ser importunado. Sai pelas charmosas ruas de Paris e comprei as flores mais bonitas possíveis, para depois, descer as escadas do metrô. Notei o contraste entre as flores e o cinza da maioria de pessoas que, em silêncio ou em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">babélicas</i> conversas<i>, </i>acompanhavam meu destino, ainda que por um tempo. Tentei imaginar quantos me encorajariam se soubessem de meus propósitos. Uma menina acompanhada de seu avô me sorriu e logo desceu. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Em pouco tempo eu já estava numa rua qualquer ou, talvez, na rua que me traria respostas. Por um momento me detive, observando o discreto letreiro da “<i>livres et papeterie Fernet</i>”. Na verdade fui praticamente arrastado por duas senhoras que, apressadas, entravam agora. Deparei-me com Sophie e ela ficou totalmente sem reação diante de minha estagnação. Incomodada, pediu que uma funcionária mais velha continuasse o atendimento das senhoras que pareciam mal humoradas e veio ao meu encontro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">O tempo não parecia ter passado para ela e sua jovialidade ainda lhe dava formas tão dóceis e um olhar tão encantador. Parada em minha frente, contemplou-me por algum tempo, até acabar por me abraçar, numa mistura de riso e lágrimas. Senti em meus braços o doce amargo da saudade e da descrença, no afago de uma pele estranha, alguém que eu já desconhecia, como se fosse outro corpo e outra alma, jamais as de minha amada. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Joaquim! Eu não acredito que você esteja aqui na minha frente. Não sei o que lhe dizer ou como me portar. – Suas mãos pareciam incomodar-lhe – Eu achei que você estivesse morto!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- E eu estava. – limitei-me a sorrir nervosamente com o canto da boca, muito desconcertado pela situação. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Notei que ainda segurava o ramalhete de flores e então as entreguei. Ela, estranhamente, apenas largou-as sobre o balcão. Posso parecer precipitado, mas senti as flores murchando no toque das finas mãos de Sophie. Creio que ali estava outro sinal.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Sophie! Eu gostaria de conversar com você, mas não quero atrapalhar seu trabalho. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Preciso de um segundo, volto logo. Sente-se e me aguarde.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Por mais que o tom de sua voz fosse de repentina alegria, ela saiu, pegando as flores e entregando para sua secretária que recebeu a incumbência de colocá-las em um vaso com água. As fileiras de livros acompanhavam agora, solidárias comigo, o murchar das flores diante de tanta indiferença. Lembrei-me que essa era a beleza das flores, murcharem para mostrar a efemeridade do tempo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Sophie apareceu minutos depois, com uma roupa cinza que, apesar de tudo, ainda lhe dava um ar de beleza. Saímos para caminhar e meus pés nos conduziram aos jardins do <i>Louvre.</i> Sentamos próximo a um chafariz e fiquei observando a beleza do lugar. Após algum tempo de silêncio em que parecíamos tentar recompor uma eternidade de ausência, começamos a conversar. De certo modo, nenhum dos dois se sentia preparado para conversar sobre a noite em que Sophie, simplesmente, desapareceu de minha vida.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Não aguentei a angústia que arrebatava meu coração e lhe pedi que me dissesse o que havia acontecido. Fugindo de meu olhar, Sophie fitava o balançar das folhas dos plátanos. Nesse transe, ainda sem olhar para mim, ela respondeu.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Eu fiz o que me pareceu certo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Como assim Sophie? Não consigo entender. – Eu estava exaltado pela resposta tão simples que ela me oferecia.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Eu fiz o que me pareceu certo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Tentei durante tantos anos compreender o que eu poderia ter feito para que você tivesse sumido.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Joaquim. Eu me apaixonei por você, mas nosso amor seria impossível. Você era apenas um estrangeiro cheio de sonhos, mas sem posses ou condições financeiras. Como eu poderia lhe apresentar para minha família? </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Não acredito no que estou ouvindo, Sophie. – suas palavras, ainda que despretensiosas, machucavam, com tanta força, meu coração.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Eu fiz o que me pareceu certo, Joaquim. Você não me amava verdadeiramente, não seja tolo!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Isso não é verdade, você foi fraca e egoísta, Sophie!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- O que mais? Fale! Ofenda bastante!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- O tempo pode ter passado para nós, mas eu ainda sei quando você mente, pois, nessas situações, você não responde o que pergunto, mas apenas diz “o que mais”?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Joaquim, nosso relacionamento não se manteria ao longo do tempo. Você era inconstante como o vento!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Sophie, você está me chamando de pobre? Foi por isso que você preferiu sumir da minha vida? Por eu ser um pobre estrangeiro?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Joaquim, não seja tolo. Sempre admirei sua inteligência e a forma divertida de me intrigar com seu conhecimento, mas você não tinha futuro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Indignado com tais perversas palavras, agora eu começava a remontar um quebracabeças de tantas peças faltantes.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Muito bem Sophie, já entendi o que você pretende dizer, e já me basta para o dia de hoje. Percorri o inferno perdido na certeza de ter perdido você e ao descobrir que você ainda estava viva, só tive a intenção de reencontrá-la, pois convivi durante anos com uma ferida aberta, pela sua ausência. Agora descubro que não era digno de estar ao lado da Madame de Fernet.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Joaquim, não precisa me ofender!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Não estou lhe ofendendo, mas veja o que falou!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Decidi levantar e sair, mas ela me segurou pelo braço.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">-Joaquim, espere. Não vá. Ainda não.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Não há motivo ou razão para eu ficar, Sophie. Resolvido o passado, agora é hora de pensar no futuro, e não será ao seu lado. Você me traiu da forma mais cruel possível.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Eu não lhe traí. Tenha certeza disso. Eu não lhe traí. Segui apenas a razão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Como tratar o amor mais puro e verdadeiro com razão? </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- A razão precisou falar mais alto, e precisei guiar meus instintos para no futuro não sofrer. Amei-o o suficiente para deixá-lo ir.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Pois bem. Se assim o fez, é porque não me amou. Precisei sofrer tanto por você, para no final, perceber que nossos caminhos eram distintos, pois no fundo, não éramos nada iguais, éramos apenas dois estranhos com carência de amor, tentando nos apoiar na carência do outro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Ela levantou e então, estendendo a mão, me pediu:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Você vem comigo?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Não Sophie. – Disse-lhe com muita tristeza e coragem. Nossos caminhos não se cruzam mais nessa jornada. Aguardarei você partir e tomarei a direção contrária.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Como se fosse possível outro destino! Tão tolo Joaquim!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Eu amei a pessoa errada. Apenas isso. Amei que não estava disposta a me amar. Isso é um fato, ainda que o mais dolorido de todos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Fala no amor como se a vida se resumisse a isso.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Então a tola és tu, pois a vida sem amor é como um corpo sem alma.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Você e suas poesias baratas, não é a toa que o melhor foi tê-lo deixado.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- A poesia barata que um dia lhe fez sorrir?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- E se sorri, do que me adiantaria! Viveria uma vida de sorrisos simples ao lado de um jovem sem futuro?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Estou cansado. Agora é hora de você ir. Volte para sua vida medíocre. Eu tratarei de seguir um novo caminho.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Vejo que está desapontado comigo, Joaquim!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">- Não Sophie. Eu estou desapontado comigo, por acreditar em você.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Foi assim, meus caros, que, com o coração feito um cristal quebrado pelo descuido do amor de uma mulher, em tantos pedaços quanto imagináveis, eu segui, sem rumo, pelas ruas frias de Paris. Engraçado agora estar assim tão perdido, mesmo tendo encontrado a paz que havia buscado e da qual fugi por tanto tempo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">No final daquela tarde cheguei ao hotel e fui direto para o chuveiro. Dessa vez não escutei qualquer voz ou presságio. Apenas o som da água que caía, e, junto com tantos pensamentos, seguia pelo ralo. Não conseguia entender como parecia tão difícil que pudesse ser feliz. De certa forma, compreendi que nunca me permiti ser feliz, amparando-me nas recordações de alguém que, de forma cruel e consciente, permitiu-se se afastar de mim e me isolar no ártico da saudade. O velho dilema voltava agora a minha cabeça, nesse instante: como abrir uma porta que já estava aberta?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">Recostado na cama, comecei a folhar Bukowski enquanto uma barata correu de lado a lado do quarto. Pensei em levantar-se e matar a infeliz, mas hesitei, pensando ser uma parenta de Kafka. Ri sozinho e preferi continuar a leitura, até adormecer.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">Foi fácil abrir os olhos para aquele dia, ainda que sem qualquer perspectiva do que seria feito de tal imediato. Aproveitei para passear pelas ruas desconhecidas, por entre pessoas desconhecidas e por uma vida que se iniciava no instante em que apoiava um passo atrás de outro, no concreto antigo daquelas ruas. Resolvi afinar meu francês e comecei a conversar com um senhor que estava sentado em um bistrô, bebendo sua taça de vinho.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">Seu cão o acompanhava na apreciação do passar do tempo e tivemos uma conversa muito proveitosa. O Senhor Jean Le Mars era uma pessoa fascinante. Logo me contou sobre sua vida, sobre as guerras que havia enfrentado, sobre a tristeza dos amores partidos e do dia em que, ao retornar para sua cidade natal, viu sua casa, a casa que habitar quando fora criança, destruída pelo tempo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Joaquim, meu jovem, a vida é muito curta para sofrimentos. – os olhos se enchiam de lágrimas ao lembrar de tantas coisas que havia passado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Mas o que fazer com pensamentos que atormentam tanto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Monsieur</i> Le Mars?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- os pensamentos são como pedras que carregamos em nossa alma, Joaquim. Quantos realmente você deseja continuar carregando?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Tens razão,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Monsieur, </i>tens razão!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Não Joaquim. O tempo é o senhor da verdade e foi ele quem me ensinou. Aproveita esse ensinamento enquanto tens uma vida. Que teus anos vindouros sejam os melhores.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Temo não ser possível. O que eu devo fazer?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;"><span style="color: black;">- Joaquim, temes o que, afinal? Repensa o que peso de cada pedra e o que deseja realmente carregar em tua caminhada. Ouça a voz do silêncio e, se for preciso, apenas não faça nada. </span></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-4416763114504046692011-06-17T05:10:00.000-07:002011-06-17T05:10:44.675-07:00Discoteca - e na vitrola agora toca...Marinheiro Bob, em suas navegações, encontra peças preciosas....<br />
<br />
abaixo uma canção para aquecer os corações e rememorar os anos 80....<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/Al9WmowJ3bQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-82858248061969579942011-06-14T07:21:00.000-07:002011-06-14T07:21:50.058-07:00Esquecer para não sofrer?Esquecer para não sofrer?<br />
por Alexandre Nicoletti Hedlund<br />
<br />
<br />
Pensando um pouco em política, ou melhor, pensando um pouco mais sobre política, enquanto ouvia algum noticiário sobre as diversas questões políticas que esse país continental bombardeia por dia, detive-me pensando em um fato ocorrido há poucos dias, mas que saí de foco rapidamente, vítima ( sim, vítima) de outras notícias das mais diversas naturezas.<br />
<br />
A poeira que vem do Chile, a chuva que destrói a China, o brotinho que mata a Alemanha, tudo acaba servindo de pretexto para se esquecer do Brasil e das coisas que os brasileiros privilegiados em sua atividade democrática tem feito. Não falaremos mais sobre a corrupção que assola o país de norte a sul e trabalha como verme em madeira sã?<br />
<br />
Esquecemos tais lesões a nossa cidadania para não sofrer, do estilo: "eles só batem em nossa cidadania quando precisam, mas precisam todo dia!!".<br />
<br />
Acho que precisamos repensar até que ponto essa passividade latente na comunidade brasileira é salutar, pois de nada adianta modificar tantas leis como se está a fazer, se, por outro lado, não há questionamento com relação a quem modifica tais leis.<br />
<br />
Não seria oportuno uma medida protetiva contra a corrupção?<br />
<br />
Preciso refletir mais sobre, mas acho que por enquanto, vamos apanhando, vamos esquecendo, vamos perdoando, até o dia em que seja tarde demais.Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-47193468658684398182011-06-06T21:34:00.000-07:002011-06-06T21:34:17.951-07:00Réquiem para Joaquim - Capítulo XEmbora eu tivesse prometido que esse projeto teria apenas 10 capítulos, conviver com Joaquim, durante tantas páginas e histórias, fez-me seu amigo, de forma que, autorizado pela brevidade da vida que nos cerca, preferi escrever mais uma ou outra linha, transformando o "X" capítulo em dois ou três.<br />
Por isso, segue abaixo, o X capítulo que, se apresenta como tal, jamais como o último. Alterei coisas nos primeiros capítulos, mas deixairei tais mudanças para a edição em livro (sonho que um dia realizarei).<br />
<br />
Que apreciem Joaquim.<br />
<br />
<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style> <![endif]--> <br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><b>X – Joga-te e descobre</b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style> <![endif]--> </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">A escuridão cobria minha visão como nas noites vazias, frias e silenciosas do prenúncio do inverno. Em meio àquela escuridão houve luz e novamente a escuridão. Depois a visão ficou turva por uma névoa que surgia lentamente. Logo um vulto se aproximou envolto à neblina e, mesmo a distância, eu o reconheci. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte, meu velho amigo!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Ele apenas se limitou a sorrir o sorriso dos justos. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Agora eu me dava conta de onde estava e, principalmente, o que derradeiramente seria feito.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Que belo barco escolhestes para a jornada!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Ele me encarou de alto a baixo, enquanto eu apalpava meus bolsos na vã tentativa de encontrar as moedas. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joaquim, seu tolo! Como pretendes viajar se não podes pagar o preço?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Creio que me pegastes desprevenido.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tolo, tu te preparastes tanto para essa jornada e esquecestes do pagamento? Lamento mas te custará caro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Como assim?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não percebes que a travessia das vidas mal vividas, incrustadas de tristeza e amargura, custa muito além do que tu podes pagar. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte, meu nobre barqueiro! Não consigo compreender o que pretendes dizer.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Acompanho tuas amarguras há tanto tempo Joaquim, ou tu pensas que os que habitarão o submundo não são acompanhados desde que começam a desprezar suas vidas?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Quanto trabalho! – lamentei o labor de Caronte.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tu não imaginas quanto, mas gosto do que faço e o chefe não costuma aparecer por aqui. Sou praticamente um autônomo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Rimos em meio à neblina que envolvia o barco.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Por acaso tu não tens uns copos para um <i>drink</i>?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Assustado Caronte me olhou.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O quê? Mesmo nessa hora tão tua tu pretendes beber?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Se a hora é minha, vamos beber em grande estilo. Acompanha-me?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não sei se devo, estou dirigindo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Rimos novamente e percebi que lhe faltava companhia nesse lugar esquecido pela luz. Embora não tivesse trazido as malditas moedas, não me esqueci de minha preciosa garrafa de <i>Whiskey</i>. Servi-lhe uma generosa dose e aproveitei para acender um cigarro.<span> </span>O barulho do isqueiro ecoou pela escuridão. Sentamo-nos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Confesso-lhes, meus caros, que foi uma conversa muito agradável.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não lembro de alguém que tenha aparecido com uma dessas especiarias. – Caronte sorvia a bebida com muito apreço.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Pois então brindemos a vida e a morte!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não meu caro, brindemos a vida, pois eu sou a morte.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte – eu não conseguia parar de rir – tu és uma figura! Se os mortais soubessem o quanto tu és divertido, não lhe temeriam como a morte!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joaquim – ele não conseguia parar de rir também – tu és tão amigável quando queres que não consigo entender como deixou tua vida se esvair pelo ralo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Também não sei direito, meu caro, mas a vida não foi justa comigo por tanto tempo, deixando as pessoas que mais amei irem com o vento. Quando me vi no espelho, já não me reconhecia mais, já não tinha um sorriso a oferecer, não tinha mais sentido em buscar alguém, pois logo tu farias o teu serviço e eu ficaria sozinho novamente.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Apenas faço meu trabalho! Espero que entendas!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Compreensível, mas me questiono a razão de tantas vezes tu ter conduzido meus mais próximos. Por que trouxestes Alicia e meu pequeno filho?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Eu não os trouxe, eles foram à luz.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- E Sophie?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Sophie não morreu.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não morreu? Então o que houve com ela, pois eu a procurei por tanto tempo e nunca obtive nenhum sinal.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não pense mais nisso. Esqueça. Não há mais tempo para isso.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tentei esquecê-la, mas não consegui. Amei-a com tanta ternura que minha vida terminou quando eu a perdi. Dali em diante foram apenas tropeços e erros acumulados ao longo do trajeto.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joaquim! Creio que seja tarde para falarmos dela. Conte-me mais de Colombo. – Caronte parecia incomodado com a conversa.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Espere um pouco. Antes me diga o que pretendes esconder mudando o rumo da conversa.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não posso falar sobre Sophie, ordens superiores.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Como assim? O que está acontecendo aqui?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O chefe me mata se eu contar!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte, mas tu és a morte. Logo, não podes morrer.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Está bem! Tu tens sido uma boa companhia e sempre torci que tu vivesses plenamente. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Conte-me então.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Em algum momento daquele dia em que tu te encontrarias com ela, houve alguma coisa que mudou o rumo das coisas. Por escolha dela e dos caminhos que ela pretendia seguir, ela não foi ao teu encontro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Custa-me crer nisso que me contas.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Pois é a verdade. Na noite em que vocês se encontrariam e que tu pretendias oficializar o pedido de casamento, ela, pressentindo tal acontecimento, preferiu silenciar o coração e deixou que tu fosses embora. Não duvido que ela até o amasse, mas foram escolhas dela. Adiante ela se arrependeu, ao que me consta, mas alguém próximo a ela, querendo o afastamento de vocês, tratou de informá-la que tu tinhas morrido no regresso, de forma tão verossímil que ela, relutante, acreditou.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Meu Deus, o que é isso que tu me contas!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- A verdade. Ela sofreu durante algum tempo e nunca se recuperou totalmente, mas a vida seguiu.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Mas onde ela está agora?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Ela vive em Paris. Não se casou embora os pretendentes fossem tantos. Tem uma livraria perto do Louvre. Creio que tu passastes na frente com Colombo, mas não a observou.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Fora de mim, levantei e tentei ver uma saída.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Preciso voltar a viver!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tenha calma Joaquim! Não há saídas aqui.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte, meu ilustre barqueiro, se há entrada, há saída. Eu preciso voltar a viver! Tu não entendes que a razão do meu sofrer se constituiu em não ter Sophie ao meu lado? Agora que sei a verdade, preciso regressar e ser feliz!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Pobre Joaquim, como pretendes me convencer que tua felicidade dependia de outra pessoa? Tolo és tu ao pensar assim. A felicidade deve estar em ti, nos teus atos, na tua disposição para a vida.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Caronte meu nobre! Ajuda-me! Ajuda-me!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Temo não poder ajudá-lo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Mas eu preciso entender isso antes de fazer a travessia. Essa é a razão de tal conversa, que eu entenda os motivos!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Está bem, mas há uma condição!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Qual seja, estarei disposto.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Quero que tu dês uma prova de amor verdadeiro pela vida ao retornar para tua vida. Recomeça a viver e seja teu maior amigo, seja aquele que te protege de ti mesmo nos momentos de fraqueza. Aquele que te fortalece e te dá inspiração para viver plenamente a vida pelo tempo que te restar. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Estava realmente surpreso com a proposta de Caronte, pois esperava algo totalmente diferente. Refleti e então lhe disse:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Está bem, eu aceito a condição, mas peço que eu possa retornar de tempos em tempos para conversarmos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tua disposição me deixa feliz, embora não seja comum que eu, o barqueiro, sinta-me feliz!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Agradeço-te, oh Caronte, pela confiança.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Pega em teu bolso esquerdo uma moeda de cobre, segura-a na mão, e pula na água.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Como assim? Não tenho nada nos bolsos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Tu achastes que teríamos uma porta aqui? Quem garante que isso não é apenas um sonho, meu nobre Joaquim? Joga-te e descobre se tu não estás a dormir.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Aquilo ecoou em minha mente. Uma angústia tomou conta de mim.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não serão os teus lamentos como a névoa que encobre a noite, mas que se dissipa ao calor do sol? Será que não encobres tua vida com uma névoa, impedindo que o calor do sol dissipe-a e tu possas ver claramente as belezas da manhã?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joga-te e descobre!</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><br />
</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-80644226646287905702011-06-05T09:42:00.000-07:002011-06-05T09:42:23.043-07:00Felicidade vol. 2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/fXJbmAcSrko?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Fantástico...<br />
<br />
já me deu várias ideias para novos projetos....Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-76677453575494687452011-06-05T09:37:00.000-07:002011-06-05T09:53:58.521-07:00Felicidade nos tempos da era digital<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="" style="clear: both; text-align: center;">Em um frio domingo de junho eu me senti tão triste e uma fraqueza tomou conta do meu peito. Talvez a falta de sol, talvez a postura, talvez tanta coisa que a própria indefinição das coisas pudesse provocar.</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;">Assim, caminhei passos pesados contra o vento e de certo modo, quando percebi, já estava no sol, já estava melhor, já estava aquecido e a cantar... </div><div class="" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;">o que eu cantava? poderia ser um segredo, mas acima de tudo, devemos, em tempos digitais, compartilhar a simplicidade das coisas que possam trazer felicidade as pessoas.</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;">escutem o que eu cantava hoje quando dia parecia iniciar tristemente...</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;">Lupicínio cantou comigo...</div><div class="" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/y5Gty-nAaQE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-88587395764410714032011-05-31T05:59:00.000-07:002011-05-31T05:59:07.323-07:00Direto da casa de máquinas...Marinheiro Bob me mandou há muito tempo atrás, direto da casa de máquinas, e hoje, ao acordar meio com frio, meio com sono, mas totalmente disposto a ser melhor que ontem, vislumbrei-me cantando essa...<br />
<br />
<br />
E como diria Jesus - "quem tem ouvidos, que ouça!"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/eRW2g2l49fk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-77032051662056930732011-05-30T04:43:00.000-07:002011-05-30T05:43:18.529-07:00Uma dose de remédio ou de veneno<div style="text-align: center;"><b>Uma dose de remédio ou de veneno</b></div><div style="text-align: center;"><i><b>por Alexandre Nicoletti Hedlund</b></i></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i><b> </b></i><i>"Tirem minhas riquezas, mas não tirem minha liberdade..." acho que já ouvi alguém falando isso, mas ficou pessoal para um transeunte que voltou de viagem ontem a noite. Confesso, meus caros e caras, que apesar dos buracos, pedágios e pormenores, a viagem fez revigorar minhas forças para continuar transeunte e querer seguir.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><i>Além do objetivo principal que era um concurso, tive a honra de conhecer duas pessoas fantásticas (Andrea[Old] e Joaquim[Fran]). Essas duas pessoas com certeza entram diretamente para o rol dos amigos desse transeunte, pois conseguiram em pouco tempo me fazer rir e retomar as estradas da escrita que haviam sido abandonadas por um tempo.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Mais que isso, pude rever três pessoas que admiro desde sempre, Old e Francelize, meus amigos "das noites vazias, de uma boemia, sem razão de ser..." e a querida Moema que encontrei no agradável frio do bloco vermelho da PUC...</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Por último, não poderia deixar de lado as lindas canções - e como não seriam, sendo de quem são - da "banda mais bonita da cidade"...cantando com Leo Fressato.</i></div></div><div style="text-align: center;"><i><br />
</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/QW0i1U4u0KE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br />
<i><br />
</i><br />
<div style="text-align: justify;"><i>Com isso tudo, ficou uma dúvida sobre a viagem. Para um transeunte como sou, uma viagem dessas é veneno ou remédio?</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Aos que esperavam comodismo e calmaria, total opacidade, insanidade e letargia, torceram por veneno.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Aos que, torcem pelos infortúnios bem sucedidos deste que vos escreve, um doce elixir.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><i>Assim, só posso dizer que remédio ou veneno, </i><i>volto a escrever com tanta voracidade que mal caibo nesse mundo</i><i>.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
<i>Fica o registro, ainda que parcial, visto que a viagem foi muito mais que isso, mas do resto, só cabe a mim.</i><br />
<i> </i><br />
<br />
<i>Beijos e abraços,</i><br />
<i></i><br />
<br />
<i>Alexandre.</i></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-19063142273986123022011-05-18T03:29:00.000-07:002011-05-18T03:29:41.278-07:00Good morning, Good Morning!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Enjoy it!</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/tqmid9MlFSw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style> <![endif]--> <div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><b><span lang="EN-US">Good Morning, Good Good Morning</span></b></div><div style="color: #20124d;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><b><span lang="EN-US">(The Beatles)</span></b></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Composição : Lennon / McCartney</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Nothing to do to save his life call his wife in</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Nothing to say but what a day how's your boy been</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Nothing to do it's up to you</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">I've got nothing to say but it's O.K.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Good morning, good morning, good morning...</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Going to work don't want to go feeling low down</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Heading for home you start to roam then you're in town.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;">Everybody knows there's nothing doing</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Everything is closed it's like a ruin</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Everyone you see is half asleep.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">And you're on your own you're in the street.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">After a while you start to smile now you feel cool.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Then you decide to take a walk by the old school.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Nothing has changed it's still the same</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">I've got nothing to say but it's O.K.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Good morning, good morning, good morning...</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">People running round it's five o'clock.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Everywhere in town it's getting dark.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Everyone you see is full of life.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">It's time for tea and meet the wife.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Somebody needs to know the time, glad that I'm here.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Watching the skirts you start to flirt now you're in gear.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Go to a show you hope she goes.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">I've got nothing to say but it's O.K.</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><span lang="EN-US">Good morning, good morning, good...</span></div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #20124d; text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="color: #20124d; text-align: center;"><br />
</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-58257288656477406852011-05-14T20:41:00.000-07:002011-05-14T20:41:50.375-07:00Interrogatório<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Interrogatório</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" height="322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiheVAOTEMxGcCjWC9M4oWnApnkFwPZ906yIkRPyzuTx_k85QXoBqbFpIhZvargILiyTMt-i4kA0dH7mY5uFMXtFPH9NQhtNlOayM7s3lETfbx_ESeU-3aZ1pBKXS5451CsAsaZv2qoATU/s400/Interrogat%25C3%25B3rio.jpg" width="400" /> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">disponível em www.willtirando.com.br</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-23226878737836653212011-04-28T05:25:00.000-07:002011-04-28T05:25:10.900-07:00uma frase... apenas isso...<h6 class="uiStreamMessage" data-ft="{"type":"msg"}"><span style="font-size: large;"><span class="messageBody">"Decidi não buscar a felicidade, ela que se organize e me encontre pelo caminho" </span></span></h6><h6 class="uiStreamMessage" data-ft="{"type":"msg"}"><span style="font-size: large;"><span class="messageBody">por Alexandre Hedlund</span></span></h6>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-34248920469172851932011-04-19T21:20:00.000-07:002011-04-19T21:20:18.316-07:00o fimO fim<br />
<br />
<br />
caros, as vezes é preciso dar fim a algumas coisas para iniciar outras... e é pensando nisso que dou por encerrado esse blog.<br />
<br />
Foi uma experiência interessante, mas por enquanto não é algo que consigo alimentar, e assim, só me resta, encerrar.<br />
<br />
Agradeço por todo incentivo, mas agora é hora de seguir, transeunte que sou.<br />
<br />
<br />
Quanto ao último capítulo do Réquiem, ficará por enquanto, em segredo, pois é a peça principal do quebra cabeça de todo conto. Um dia, quem sabe, nessas caminhadas, ele se revele.<br />
<br />
abraço a todos.Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-78108054406325927072011-03-08T14:05:00.000-08:002011-03-08T14:07:55.687-08:00Uma nova estação<div style="text-align: center;"> <b>Uma nova estação</b></div><div style="text-align: center;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Após uma longa caminhada na qual não esperava encontrar qualquer respostas para suas angústias, Antônio resolveu que era hora de sentar-se a mesa e comer. A sala e cozinha conjugadas deixavam o ambiente mais apertado, como sufocando seus sonhos, e era assim que ele se encontrava há muito tempo. Fitou a parede branca e percebeu pequenas rachaduras que, em conjunto, pareciam árvores no outono, dançando com o vento. Adiante percebeu um banco, vazio, e quis sentar-se nele. Adiante não havia nada além da parede branca com pequenas rachaduras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Sem qualquer receio, levantou-se, e bebeu água o suficiente para não sentir sede pelo resto da vida. Mas a parede ainda o chamava, de certo modo ela parecia querer contar-lhe algo, algum segredo que não pudesse perceber em outro momento de sua vida. Aquelas pequenas rachaduras, passavam agora a ser a melhor companhia de Antonio. Notou que sua desenvoltura e relevo permitiam agora uma certa calma, uma certa paz. A pouca luminosidade agora dava novos contornos as falhas da parede branca e as sombras do fim do dia lhe enfraqueciam a visão. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Voltou-se a sentar, agora disposto de outra forma, pois não conseguia se imaginar eternamente olhando para a mesma parede branca, sem ao menos tentar novas perspectivas, novos campos de visão, e o entardecer lhe proporcionava uma certa melancolia. Suas mãos dispostas sobre a mesa, lançadas, jogadas, já sem força, contrastavam com o mogno escuro que, por um momento, lembraram-lhe um caixão. Mas não havia tempo para fúnebres devaneios, apenas a parede branca e suas rachaduras, as mãos e suas rachaduras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> De certo modo, agora percebia a similitude entre ambas. Mas muitos verões e invernos já haviam passado por suas mãos, que poderiam lhe contar muitos segredos que ele mesmo desconhecia, e que apenas atestavam os sonhos perdidos no tempo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> No fim não existia nada além disso, paredes e mãos, e então, em um ato de loucura pintou sua mão com tinta de calçados e a pressionou contra a parede, deixando sua mão pintada de preto nas rachaduras da parede branca. Notou que o novo contexto apenas retratava ainda mais as rachaduras da parede e as marcas e cicratizes na mão. Voltou-se a sentar e, assim, ficou, admirando a mão lançada no vento que batia nas árvores daquele outono, enquanto o banco vazio esperava por ele. Adiante não havia nada além da parede branca com seus sonhos que o vento levara.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Cobiçou poder sorrir, mas a escuridão da noite se antecipara, e no silêncio, sem ao menos acender uma luz qualquer do ambiente, permaneceu. Agora era apenas ele, a parede branca com a mão de seus sonhos perdidos e o silêncio da escuridão. Olhava para a mão pintada de preto enquanto que com a outra, sustentava a cabeça, cada vez mais cheia de dúvidas, de anseios, de angústias.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> E da escuridão conseguiu ver novamente tudo, pois seus olhos iam se acostumando com as mudanças de tonalidades que a noite ia aconchegando e, por fim, pode novamente ver as rachaduras na parede branca e então, por algo mágico, digno dos contos romanescos, percebeu coisas que não precisavam ser explicadas a ninguém, pois ele, Antônio, já as havia entendido. Suspirou e no silêncio e no escuro caminhou em direção a parede branca, recostando-se de tal forma que logo já estava sentado no chão e então assim adormeceu, na vã tentativa de sentar-se naquele banco vazio e esperar uma nova estação.</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-19204639362331751642011-02-16T20:47:00.000-08:002011-02-16T20:56:58.698-08:00O Blefe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr5rezZGnN2kiqUGIDA0smRMEUVByJPaT0yBVTsT-oaLy1pm2emBY2z1ai9WNrw7sKCRVLTKMSfBHNNCaPn7FpGrHxE6Qz17kOjtD_uUPac07P1SZTZ8XLv5u2HAzws8sKxThXdI4i_tw/s1600/poker.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr5rezZGnN2kiqUGIDA0smRMEUVByJPaT0yBVTsT-oaLy1pm2emBY2z1ai9WNrw7sKCRVLTKMSfBHNNCaPn7FpGrHxE6Qz17kOjtD_uUPac07P1SZTZ8XLv5u2HAzws8sKxThXdI4i_tw/s200/poker.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: center;"><b>O Blefe</b></div><div style="text-align: center;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">As cartas jogadas na mesa</div><div style="text-align: center;">os olhos afoitos no ar </div><div style="text-align: center;">e o destino? como confrontá-lo</div><div style="text-align: center;">na certeza incerta da cartada final</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">o verde veludo atestava a fraqueza</div><div style="text-align: center;">nada se podia, infelizmente, mudar</div><div style="text-align: center;">tantos sonhos jogados no ralo</div><div style="text-align: center;">agora só lhe faziam mal</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> virou carta após carta</div><div style="text-align: center;">umas de valor, outras não</div><div style="text-align: center;">pouco a se considerar de quem errou</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">que vida ingrata!</div><div style="text-align: center;">não admite agora o perdão</div><div style="text-align: right;"><div style="text-align: center;">daquele que, por tanto tempo, blefou.</div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCtBZ6vt8CR9FLHVd_f7L8K-Cxhq2TNZ-IjpZzo673Uu_64uVNgQCXHRJOsGUeDKMaTw96tO-MDT7BcqqERqw80k2G6ga7zsZ95oNnelVv-5uYEQv6F9m622URgnhmni_4LfNVVuaasok/s1600/blefe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCtBZ6vt8CR9FLHVd_f7L8K-Cxhq2TNZ-IjpZzo673Uu_64uVNgQCXHRJOsGUeDKMaTw96tO-MDT7BcqqERqw80k2G6ga7zsZ95oNnelVv-5uYEQv6F9m622URgnhmni_4LfNVVuaasok/s200/blefe.jpg" width="133" /></a></div><br />
</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-20938476067417078532011-02-15T18:40:00.000-08:002011-02-15T18:40:03.681-08:00I´ll follow the sun - Beatles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">I´ll follow the Sun - The Beatles</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/H0KZtQ5dLao?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Embora não seja novidade alguma, essa também está entre as mais tocadas na discoteca do Marinheiro Bob. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Ela diz muito mais do que parecem crer os olhos despercebidos dos passantes. Absolutamente indelével, sua letra e composição afirmam o pensamento positivo e a necessidade de ser transeunte, afinal, amanhã talvez chova, então eu seguirei o sol...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">abraços </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Transeunte Indelével </div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-72143756333572478042011-02-15T05:59:00.000-08:002011-02-15T05:59:06.520-08:00Em que estão eu te encontraria?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDnBk6M64AU4siAW1zGsRvfXsRyPKZQ4o-BCcRZiFcW2xJr-YEsVtzR3lTI1mjeA5m1TleoL_0PKr_EetyqbUCfl6VnukeC6k8O5m3zvTomWRQyzyPfg_DsIr5WJkiY_8EcjkhXqY4DnE/s1600/Festa+do+nono+per%25C3%25ADodo+469.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDnBk6M64AU4siAW1zGsRvfXsRyPKZQ4o-BCcRZiFcW2xJr-YEsVtzR3lTI1mjeA5m1TleoL_0PKr_EetyqbUCfl6VnukeC6k8O5m3zvTomWRQyzyPfg_DsIr5WJkiY_8EcjkhXqY4DnE/s320/Festa+do+nono+per%25C3%25ADodo+469.JPG" width="240" /></a>Em que estão eu te encontraria?<br />
<br />
<br />
Caros cúmplices (leitores), a cada dia acompanho os acessos no blog e percebo que o número aumenta e provém dos mais diversos lugares do mundo. Sim, há transeuntes como eu que acessam a partir da Rússia, Estados Unidos e Europa, por exemplo.<br />
<br />
Assim, diante de uma curiosidade própria daquele que é transeunte, pergunto e peço que se manifestem nos comentários....<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi81kpjci2x7Fml_dKa5w7t2HMPIs5zd6OnIcp3AxomHdxW-BpBF_jUa5Q6mTEEsSIg4txAt9naa73sZESo7HK3W35AnebRnSeDda_ZJZMIr1WQ6ZY4EHoY18Lz35q6VkU0ziNBezom4js/s1600/Festa+do+nono+per%25C3%25ADodo+486.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi81kpjci2x7Fml_dKa5w7t2HMPIs5zd6OnIcp3AxomHdxW-BpBF_jUa5Q6mTEEsSIg4txAt9naa73sZESo7HK3W35AnebRnSeDda_ZJZMIr1WQ6ZY4EHoY18Lz35q6VkU0ziNBezom4js/s200/Festa+do+nono+per%25C3%25ADodo+486.JPG" width="150" /></a><br />
Se eu, indelével de coração, transeunte de alma, pegasse um trem, navio ou avião, em que estão eu te encontraria?<br />
<br />
<br />
Aguardo ansioso pelas respostas...<br />
<br />
<br />
AbraçosAlexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-41895244356720326372011-02-13T23:07:00.001-08:002011-02-13T23:07:59.071-08:00Uma rua chamada desilusão<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style> <![endif]--> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>Uma rua chamada desilusão</b></div><div> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i></div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">Não era outono ou a estação do amor</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">E o dia não tinha nada de especial</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">Sequer havia o pôr do sol dos amantes</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">ou a garoa fina dos que sentem saudade</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">mas aos poucos foi crescendo uma dor</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e o instante se fez vendaval</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">distorcendo o sorriso dos passantes</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">levando cada pedaço de felicidade</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">entre seus dedos o pobre homem tentava segurar </div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">o que apenas a ele debaixo do sol cabia</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">com todas as forças que ainda lhe restavam</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">defendia seu precioso coração</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">mas certos caminhos da vida não se podem evitar</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e o tolo homem já não sabia</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">mas seus passos na escuridão lhe conduziram</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">para uma rua chamada desilusão</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e então se notou sem rumo, perdido</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e nada lhe parecia familiar ao redor, </div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">seu corpo se arrastava pela rua sem fim</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">rompendo o silêncio com seus sapatos </div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e mergulhando naquela rua, desiludido</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">sentia-se estranho em olhos cheios de torpor</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">na boca o gosto amargo da traição carmim</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">sentia-se mais sujo que os ratos</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">recostou-se num banco qualquer </div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">que aquela cinza tarde agora lhe ofertava</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e notou ao seu lado uma rosa despedaçada</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">poética pintura abstrata na paisagem</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">distante viu uma moça com traços de mulher,</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">em um sorriso assim ela o convidava</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">na alcova de seu peito fazer morada</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e tolo, ele creu naquela miragem</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e o pobre homem assim continuava</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">mirando nas vitrines suas fraquezas </div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">sem entender os erros do passado</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">sem entender como as coisas são e para onde vão</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e a rua, assim como a vida, logo ali acabava</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">e agarrando-se novamente as poucas certezas</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">da paixão que agora haviam lhe arrancado</div><div style="text-align: center;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">procurou dobrar a esquina, dessa rua desilusão.</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-67134662902840575402011-02-09T19:47:00.000-08:002011-02-09T19:47:08.719-08:00Acalento ao coração<div style="text-align: center;"><b>Acalento ao Coração</b></div><div style="text-align: center;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i> </div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Ao abrir a porta da rua</div><div style="text-align: center;">veio-lhe de imediato a imagem</div><div style="text-align: center;">a certeza do silêncio da noite</div><div style="text-align: center;">e a chuva que ensaiava cair</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">e talvez pela ausência da lua</div><div style="text-align: center;">talvez pela solidão da paisagem</div><div style="text-align: center;">tudo lhe ecoou como um açoite</div><div style="text-align: center;">que ele teimava em sentir</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">as pernas lhe pesavam ao subir</div><div style="text-align: center;">multiplicando as escadas na escuridão</div><div style="text-align: center;">e não lhe permitiam chegar</div><div style="text-align: center;">na sala onde os quadros lhe alertaram</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">o que pretendes ouvir?</div><div style="text-align: center;">nesse espaço repleto de solidão</div><div style="text-align: center;">não há ninguém a lhe esperar</div><div style="text-align: center;">somente lembranças que restaram...</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Então lhe foi necessário abandonar</div><div style="text-align: center;">as coisas em um canto qualquer</div><div style="text-align: center;">e a se olhar no espelho e enfrentar</div><div style="text-align: center;">pois precisava novamente viver</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">e tentou ser corajoso e lutar</div><div style="text-align: center;">contra a essência do perfume da mulher</div><div style="text-align: center;">que enfeitiçava por completo o lugar</div><div style="text-align: center;">e que jamais lhe permitiria esquecer</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Recostou-se na parede tão fria</div><div style="text-align: center;">sem poder evitar a tristeza</div><div style="text-align: center;">que lhe trazia agora a lembrança</div><div style="text-align: center;">que lhe fazia agora chorar</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">e naquela cena triste e vazia</div><div style="text-align: center;">pôde então sentir a leveza</div><div style="text-align: center;">como um sopro de esperança</div><div style="text-align: center;">lhe fez assim suspirar</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">e ainda que estivesse sozinho,</div><div style="text-align: center;">por mais que escapasse à razão</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;">sentiu o tempo parar um momento</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;">lhe era concedido sonhar,</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">com a delicadeza sutil de um carinho</div><div style="text-align: center;">arrebatando-lhe o coração</div><div style="text-align: center;">na ternura do gesto, acalento </div><div style="text-align: center;">daquela que prometera amar.</div><div style="text-align: center;"></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-70816855469240491442011-02-05T12:44:00.000-08:002011-02-05T12:45:45.161-08:00sobre o tempo...<div style="text-align: center;">Poeminha de improviso, inspiração porém sem talento </div><div style="text-align: center;">sem muito labor ou suor, me conduzo apenas por lamentos</div><div style="text-align: center;">quem sabe em outra vida, eu receba o dom que outros tem</div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: center;"></div>em um pacote bem feitinho, e possa do meu jeito, ser poeta também. </div><div style="text-align: center;"></div><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b>Sobre o tempo...</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">Esses dias me peguei pensando</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">nas coisas que o tempo cura</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">e naquelas que ele insiste em manter</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">presas de algum jeito</span></div><div style="text-align: center;"><br />
<span style="font-size: large;">E conforme o tempo ia passando</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">a mente refletindo muda</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">somente senti a força de sofrer</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">pondo estacas no peito</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">e o tempo sábio por si</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">no silêncio insistiu na dor</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">de um sofrimento sem alarde</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">por isso, aprende e cuida de ti</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">conserva o que te tem valor</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">antes que a tudo seja tarde.</span></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-3078197402971720412011-02-04T06:08:00.000-08:002011-02-04T06:08:05.392-08:00Da Série: se teu pai soubesse...<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBRrgOGwKcMANTxB70htBMM7xzsUYEjldDFPn6jLmc6k8x2dOepbc_3VITJgjLjaw6bKdwzU3EPFWc61gC8NdkiDLRfmUrhdO194lv75QtERhd3rX-4hKY2AQeWl5cWW7uRqx0zjl2Hr8/s1600/images+%25289%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBRrgOGwKcMANTxB70htBMM7xzsUYEjldDFPn6jLmc6k8x2dOepbc_3VITJgjLjaw6bKdwzU3EPFWc61gC8NdkiDLRfmUrhdO194lv75QtERhd3rX-4hKY2AQeWl5cWW7uRqx0zjl2Hr8/s200/images+%25289%2529.jpg" width="131" /></a>devaneio de transeunte...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">o velho Karl <span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="text-align: justify;">Nietzsche</span><span class="Apple-style-span" style="text-align: justify;"></span></span> chegava em casa depois de um dia de trabalho pesado na igreja. Sua amada esposa Franziska pediu-lhe, mesmo sabendo que havia se esgotado em seu labor, que pregasse algumas portas do armário da cozinha. Karl arrastou seu corpo até uma despensa onde tentou localizar as ferramentas. De repente se ouviu um grito:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Friedrich Wilhelm! Onde está meu martelo!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na sala, o menino de pouca força batia o martelo por tudo, descrente dos efeitos que podia produzir.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-24488441151591317092011-01-31T20:13:00.000-08:002011-01-31T20:31:45.249-08:00Réquiem para Joaquim - Capítulo IX<div style="text-align: justify;">Este é o 9 e penúltimo capítulo desse conto que me acompanhou ao longo do ano, fazendo de Joaquim um amigo, assim como Colombo. Espero que gostem. </div><br />
<br />
<b><i></i></b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><b>IX – Não quero um abajur enfeitado.</b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"> <b><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Maracaíbo. Uma brisa batia e acalmava meu corpo deitado ao lado de Mercedes. Dois corpos suados numa tarde qualquer perdida no tempo. Não demoraria muito a escurecer quando levantamos com o barulho da rua. Eram senhoras com cestos de roupa na cabeça que cantavam antigas músicas do sofrimento da escravidão e da liberdade. Nua, Mercedes contava da janela o que acontecia do lado de fora. Uma prévia do paraíso se desenhava em suas costas banhadas por tons alaranjados do pôr do sol.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Acorde Guido! Acorde! Estamos chegando ao Rio. – Joaquim já de pé, alcançava nossas bagagens de mão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Levantei meio sonolento e saímos, embora eu não tenha lhe dado muita atenção, preocupado mais por não ter conseguido mudar as coisas para Joaquim. Sequer poderia imaginar que ele já preparava outra aventura. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Preciso ir a um lugar antes de seguirmos viagem.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Você está maluco, irmãozinho? Precisamos seguir “adelante”.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Fique tranquilo, apenas me siga. Preciso fazer uma coisa antes de irmos embora do Rio e você fará comigo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Nem imaginei contrariar Joaquim, pois ele estava mesmo decidido a ir a algum lugar. Tomei a iniciativa de pegarmos um táxi enquanto ele procurava um jornal do dia. No caminho eu tentava me localizar e cheguei a discutir com o taxista, pois achei que ele estivesse nos enganando. Joaquim apenas riu da situação, pedindo calma de minha parte, mas sua atenção se voltou para outra coisa que demorei um pouco a entender. Era um menino no trânsito. Não que eu fosse insensível, mas depois de ver tantos meninos pobres pedindo dinheiro nos cruzamentos da vida eu já não me deixava atingir por isso. Talvez isso acontecesse com a maioria das pessoas que passavam por ali naquele instante, pois ninguém parava para lhe comprar um doce ou lhe ajudar. “Confortável omissão” pensei comigo, pois se os outros não fazem nada, também nos sentimos confortáveis em nada fazer. Nesse instante Joaquim mandou o táxi parar e quis sair pelo meio do movimento de carros. Tentei impedi-lo, pois me pareceu uma maluquice sem sentido, mas ele conseguiu se desvencilhar e foi por entre os carros, sem encontrar o menino.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Desconsolado resolveu caminhar um pouco e concordei, pois a viagem de Paris havia me deixado com dores nos joelhos. Coisas da idade.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Você sabe quem foi Barata Ribeiro, Guido?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- não sei não irmãozinho. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- pois eu vou te contar. – Joaquim estava alegre por poder me ensinar algo. Eu deixei que continuasse. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Passado isso, logo estávamos na praia. Joaquim logo foi absorvido por seus pensamentos e eu apenas o respeitei. Tive de ajudá-lo a acordar para atravessarmos a av. Atlântica. Quando chegamos à praia ele quis se sentar por uns instantes. Pensei em aproveitar aquele vento gostoso e a sombra para cochilar, mas algo me impediu. Hipnotizado pelo mar e pela beleza de um azul magnífico de tantas tonalidades condensadas em um mesmo céu vi Joaquim chorar. Na verdade foram algumas poucas lágrimas que relutaram em cair, mas por final, vencidas, seguiram por seu rosto. Aquilo me fez ter esperança de que as coisas haviam mudado em Paris. Deixei-o sentado e fui molhar meus pés naquela imensidão de mar. Lembrei de um poema de Galeano, sobre o pai que leva o filho para ver o mar pela primeira vez, mas Joaquim estava tão concentrado que não pareceu correto lhe atrapalhar.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O sol estava se pondo quando achei por bem que voltássemos para o aeroporto. Quando chegamos à casa de Joaquim, liguei para Mercedes para avisá-la de que já estávamos bem e que em alguns dias estaria em casa. <i>Mercê</i> pediu que eu retornasse pois Lúcio havia chego em casa. Isso poderia estar mudando o rumo das coisas, mas eu resolvi ir ver meu filho, pois a saudade era muito grande. Prometi a Joaquim que voltaria em breve sem dar muitas explicações de minha viagem.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Ele não gostou muito de minha viagem, mas compreendeu. Creio que Colombo também, pois veio sentar-se ao meu lado antes de eu partir. Por um motivo que não pude entender Joaquim me entregou uma cópia das chaves de sua casa e fez questão de que eu soubesse algumas rotinas de Colombo que, por sua vez, já estava dormindo no tapete da sala. Deixei-os e segui para casa.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Era pouco depois do meio dia quando dobrei a rua das castanheiras, no alto norte da cidade. <i>Mercê</i> me esperava na porta, feliz por meu retorno. Os anos tinham lhe sido muito generosos e ela continuava tão bela como na primeira vez que a vi. Veio e me abraçou, passando seu braço em volta de meu corpo e me conduzindo para o interior de nossa casa. Lúcio, meu filho mais velho, havia chego de uma viagem pela América latina e estava almoçando. Beijei-lhe a testa e fui lavar o rosto e as mãos para também almoçar. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Que saudade de sua comida, <i>Mercê</i>! – fiz lhe um carinho no rosto.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Como está Joaquim? </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- nada bem, mas falemos disso depois – respondi.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Lúcio, me conte de sua viagem.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Lúcio era um jovem de dezenove anos que na mistura perfeita das raças desabrochava uma beleza única. Havia retornado de uma viagem de dois meses por vários recantos da nossa querida América Latina. Após escutar cada detalhe de sua grande aventura, prometi que na próxima eu iria com ele, afinal, ainda tinha esse espírito em mim, além de uma grande mochila. Era muito bom estar em casa e passei uma tarde agradável com minha família. As histórias e percalços da viagem de Lúcio me fizeram esquecer Joaquim por um tempo. No final daquela tarde, Mercedes comentou que aquele céu alaranjado que se espalhava por todo céu e aquele calor todo lhe trazia a sensação de estar em Maracaíbo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Sentados nas bancadas da cozinha, enquanto Mercê preparava um prato especial para a janta em família, retomamos a conversa adiada. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joaquim não está nada bem e creio que nossa viagem para Paris não rendeu muitos frutos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">-Pobre Joaquim. Já sofreu tanto e parece não conseguir desfazer a névoa escura que lhe ofusca a vida.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Enquanto ele passeava com Colombo eu tentei contatar algumas pessoas que pudessem nos ajudar, mas nada deu certo. – enquanto íamos conversando eu comecei a cortar os tomates.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Termine logo esses tomates – disse Mercedes dando risada, pois sabia que eu era muito lento.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Sim, <i>Mercê</i>! Está quase pronto. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Joaquim parece viver por viver. Acompanha as pessoas na rua, como tentando desvendar suas vidas, mas carece de vida própria. Colombo é a única coisa que o mantém vivo, mas temo pelo pior, pois Colombo está ficando velho e logo partirá.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O que poderíamos fazer para ajudá-lo, quando ele sequer aceita ser ajudado?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não sei, mas ele precisa achar um sentido na vida.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O que você pensa em fazer agora?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Estou pensando em deixá-lo uns dias sozinho, até ter alguma ideia. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Talvez seja melhor, afinal, é ele quem precisa construir as pontes.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Sim, eu sei disso, mas me sinto no dever de salvá-lo dessa prisão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Termine os tomates, Guilhermo Seamann. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Sim senhora! – rimos enquanto terminávamos de preparar a janta.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Todos sentados a mesa, Mercê em um vestido branco lindo que contrastava sua pele morena, Lúcio e Alfredo, meu filho do meio e Valentina, a mais nova. Alfredo, com quinze anos, ainda não sabia que ficaria de castigo por ter chego tarde demais do futebol com seus colegas e Valentina era minha pedra preciosa, uma princesa de doze anos. Sentado diante dessas pessoas especiais, não pude conter uma lágrima que queria transbordar de tanta felicidade.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Foi uma noite maravilhosa e meus filhos estavam tão afetuosos comigo que não pude deixar Alfredo de castigo. Ficamos acordados até tarde da noite, todos rindo e contando diversas histórias. Quando todos já estavam dormindo, Mercedes deitou-se ao meu lado e me beijou tão docemente que fizemos amor entre suspiros e o silêncio da madrugada. Ela adormeceu e eu não pude evitar, precisava agradecer a Deus por ter uma vida maravilhosa. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">No outro dia liguei cedo para Joaquim. Prometi voltar na outra semana, pois precisava resolver algumas coisas. Ele entendeu, embora sua voz tenha me preocupado. Algo não estava certo no quadro geral das coisas. Voltei a minha rotina, trabalhando nas manhãs em meu escritório e dedicando minhas tardes aos menores. Valentina e Alfredo passaram a se interessar por história antiga e passavam muitas tardes comigo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Liguei várias vezes para Joaquim que não atendeu nenhuma ligação. No começo achei que poderia estar no mercado, no banho, no jardim, porém com o tempo a preocupação aumentou e temi que tivesse cometido alguma besteira. Decidi que deveria voltar e avisei Mercedes que entendeu perfeitamente, mas decidiu que iria comigo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- As crianças ficarão bem, Guilhermo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Está bem, mas vamos logo, pois estou com uma angústia muito grande.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Eram dez horas em ponto quando cruzamos o portão e ouvi Colombo latir. Fiquei um pouco mais tranquilo, mas os jornais dos últimos dias estavam na porta. Colombo veio ao meu encontro e então me levou até o quarto de Joaquim. Que terrível imagem, meu coração disparou instantaneamente.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Mercê! Meu Deus! Não suba aqui.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O que houve, Guilhermo!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Não suba! apenas isso. Melhor você não ver isso.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O quarto estava devastado, como se um tornado tivesse entrado no ambiente. Roupas e garrafas de Jack Daniels jogadas por todos os lados. Achei melhor abrir as cortinas para ver o lugar e então, sobre a mesa, um papel me chamou a atenção.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Com as mãos trêmulas comecei a ler e o nervosismo só aumentava.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">“<i>Caro Guilhermo, meu grande irmão!</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Minhas forças para viver já não são suficientes para me manter em pé. Lamento muitas coisas nessa vida frustrada que levo, sem família, sem ninguém. Perdoe-me pela fraqueza em escrever isso, mas não tenho coragem de ligar e atrapalhar você. Lamento ter me afastado de você ao longo desses anos, principalmente por tantas vezes precisar de você e não ter ligado. Cuide de Colombo, ele está velho e rabugento, acho que puxou a mim. Ele gosta de Whiskey, assim como nós, mas não o deixe beber demais, senão ele pode falar alguma besteira. Hábitos nossos, apenas nossos.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Ele não gosta de comida feita em casa, por isso, embaixo do abajur enfeitado ao lado da cama tem dinheiro para as providências necessárias para sua alimentação nos próximos dois meses. Colombo precisa caminhar todas as manhãs, e tem um gosto específico por Plátanos. Assim, peço que localize um parque que os possua, para que ele não sinta as diferenças e não queira mais sair.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Entre em contato com essas pessoas abaixo e repasse os recados:</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Cristine, minha secretária – Feche o escritório, ponha uma faixa de luto na frente. Você está de férias até segunda ordem.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Jeferson, do bar da esquina – Separe duas doses de Jack. Sem gelo, você sabe. Uma para mim, outra para a estrada.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Roberto, meu companheiro de bar – que ele beba algumas por mim.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i>Guilhermo – você mesmo, meu camarada. Nos vemos em breve, nessa vida ou em outra. Até lá, fique com o abajur, afinal, não quero um abajur enfeitado para onde vou.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><i><s>Sophie Eu te amei, mas a vida é feita disso, uma grande caixa de sonhos, viagens e chás que nunca vingaram</s></i><s>’”</s></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Quando terminei de ler em meio a tantas lágrimas e a indubitável certeza da morte de Joaquim, Mercedes estava ao meu lado. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Meu Deus! O que esse homem foi fazer?</div><div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- é uma carta de despedida, <i>Mercê</i>!</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- O que vamos fazer agora, meu Deus!</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Totalmente desconcertado pela situação só pude lhe disse:</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Apenas ligue para a polícia. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Colombo sem muito entender, rondava a cama. Ficamos ali sentados por um tempo, apenas em silêncio, observando tudo e tentando entender o que havia acontecido. Meu pobre irmãozinho tinha aprontado mais uma das dele. Velho e tolo Joaquim.</div> <b><i><br />
</i></b></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-62227131449114874032011-01-14T10:34:00.000-08:002011-01-14T10:34:28.127-08:00Há um filme para cada tempo... A Viagem para Darjeeling<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><i>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</i> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Já ouviu aquela expressão: "é o filho que escolhe os pais"? </div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">Ultimamente cheguei a conclusão de que não são apenas os filhos que escolhem os pais, mas que os filmes também escolhem seus futuros telespectadores, e mais, escolhem o tempo certo para serem assistidos, ou, como prefiro dizer, apreciados.</div><div style="text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/aO1bYukdvLI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div><div style="text-align: justify;">Foi assim com essa preciosidade "The da<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">rjeeling Limited" (</span><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: Times,"Times New Roman",serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;">A Viagem para Darjeeling</span></span><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">)</span></span>, de Wes Anderson, lançado em 2007.<br />
Achou que era algum filme 2011?? Nada. Como já falei, o filme escolhe a hora de ser apreciado.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqnyKj0auKlLzjMkK5di7KQcV9vIAPbif46Vf_AOfE3fPKTWZIWSpGte23VBiBPhZZUsI0uhPUl8MeaQ2t0u0YPaqZHgRN0kX6lt34cc5OyPcWrTaBG7GfjuEfnx3Y5TLgUwaDKUlxA5E/s200/darjeeling.jpg" width="196" /></div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">E nesse caso, a viagem para Darjeeling nos brinda com as atuações marcantes de Owen Wilson, Adrien Brody e Jason Schwartzman. Detalhe para o fato de que o filme foi escrito por um trio de peso: Wes Anderson, Jason Schwartzman e Roman Coppola. </div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">O que quero dizer com isso? respondo com uma pergunta. Sabe a diferença entre um terno que você compra em uma loja de departamentos e outro que você manda fazer em um alfaiate?</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">Anderson e seus comparsas são alfaiates.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYsoulCnFLC2k97I8abtK_Jg_RWVdC-Kt-Y-7DqoMJdztbgL4tAPP3OmqapbKj0Br6iZbRLtbm1XUQDuzySKx20vHUI-YJ4STZZM2KFYUyGPODV_CwdMAP5t8qWCEUd_mZOxpwpjj3JrE/s1600/jf7fjzthamx00xh.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYsoulCnFLC2k97I8abtK_Jg_RWVdC-Kt-Y-7DqoMJdztbgL4tAPP3OmqapbKj0Br6iZbRLtbm1XUQDuzySKx20vHUI-YJ4STZZM2KFYUyGPODV_CwdMAP5t8qWCEUd_mZOxpwpjj3JrE/s320/jf7fjzthamx00xh.jpg" width="320" /></a></div></div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">Anderson repete a boa receita de filmes anteriores (<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: 12px;"></span></span><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: 12px;"></span></span>Os excêntricos Tenenbaums, A vida submarina com Steve Zissou) no elenco - Waris Ahluwalia, Anjelica Huston e Kumar Pallana, assim como as participações especialíssimas da linda Natalie Portman e do meu preferido - Bill Murray. Foi boa supresa ver Murray no filme. Mesmo assim queria que ele tivesse maior participação.</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUdU6piYJ_yxO4VgVl_tVboQz9Y_cEUJCCtAkHuakKEki-HuiGT5gveHCGSzT5NRSIG2gVCv4k0SNg5c8urOs2dHMY5BUYxwSSAI19nrxM277sRjdItYjGnUA7cI5bnv2u-_N8Hqs8Q3Q/s1600/fa4071e9.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUdU6piYJ_yxO4VgVl_tVboQz9Y_cEUJCCtAkHuakKEki-HuiGT5gveHCGSzT5NRSIG2gVCv4k0SNg5c8urOs2dHMY5BUYxwSSAI19nrxM277sRjdItYjGnUA7cI5bnv2u-_N8Hqs8Q3Q/s320/fa4071e9.jpg" width="320" /></a></div><br />
E a história do filme? três irmãos que não se falavam há um ano, desde a morte do pai. Decidem fazer esse reencontro em uma viagem espiritual pela Índia. A viagem é cheia de atropelos e tentativas frustadas de fazer a coisa certa e resolver os relacionamentos da família. Mais detalhes estragariam a trama.</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">Chamo a atenção para a qualidade da fotografia do filme que é FANTÁSTICA.</div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9HJngjvWlL7hlEMc9qXW_MBq5L7sgKNTZ_0QvWhpkhxOhO-2_4xg3jKgEP6_JlKSSGERj1ebLof_L5HDqGVJoLhyphenhyphenhy74z8Nnx2c0CI5VEDIxPsM2pMcoOBTfgULe_JxjFZR4qrbqSyIc/s1600/natalie-darjeeling-limited-02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9HJngjvWlL7hlEMc9qXW_MBq5L7sgKNTZ_0QvWhpkhxOhO-2_4xg3jKgEP6_JlKSSGERj1ebLof_L5HDqGVJoLhyphenhyphenhy74z8Nnx2c0CI5VEDIxPsM2pMcoOBTfgULe_JxjFZR4qrbqSyIc/s400/natalie-darjeeling-limited-02.jpg" width="400" /></a></div></div><div class="" style="clear: both; text-align: justify;">Bom ingrediente dos pratos de Anderson é a trilha sonora. Assim como já havia feito nos filmes anteriores - apenas para destacar que na "vida submarina" Seu Jorge é um dos marinheiros e produz grande parte da trilha - em Darjeeling a qualidade impera. Abaixo, uma pequena pitada da qualidade com Kinks.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"> <object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://i.ytimg.com/vi/AtNP5U_Khd0/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/AtNP5U_Khd0?f=videos&c=google-webdrive-0&app=youtube_gdata" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/AtNP5U_Khd0?f=videos&c=google-webdrive-0&app=youtube_gdata" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Em suma, filme 1000% aprovado na categoria FILME. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Darjeeling limited exige apenas ser apreciado, não apenas assistido, ou seja, não é filme americano padrão, no qual tudo se opera facilmente.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"> <img border="0" height="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij8yqfpqbJwNmqWR-r_Cv6PBIoq28yN3l8XgjBB8h5PdF7JWR0lWfAxsRVLWZtFuageNaeqCNh7UIDxBTwzwHbd1GRmCCF-STRG11vsn422mn5BxREWBdYmlCehSKwouT_KIefMHQRfq8/s400/The+Darjeeling+Limited.jpg" width="400" /> </div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">abraços,</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Alexandre.</div><strike></strike>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-34126543246848471392011-01-09T21:32:00.000-08:002011-01-09T21:32:27.544-08:00Réquiem para Joaquim - Capítulo VIII<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><b>VIII - Uma grande caixa de sonhos, viagens e chás que nunca vingaram</b><span class="apple-style-span"><b><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b></span></div><div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27pt;"><b><i><o:p>Por Alexandre Nicoletti Hedlund</o:p></i></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p><br />
</o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O serviço de bordo anunciou a pátria amada, quando estávamos sobre o Rio de Janeiro, cidade com tanta bossa, com tanto samba e alegria. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Acordei Guilhermo que roncava ao meu lado.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Preciso ir a um lugar antes de seguirmos viagem. – Disse-lhe enquanto pegávamos as bagagens de mão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Você está maluco, irmãozinho? Precisamos seguir “adelante”.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Fique tranquilo, apenas me siga. Preciso fazer uma coisa antes de irmos embora do Rio e você fará comigo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Certo de que não havia escolha, Guilhermo chamou um táxi que logo nos colocou pelas ruas. Estávamos na Barata Ribeiro quando o vi parado no cruzamento. Seu olhar lhe mentia a idade, escondia sua dor, seu grito contido, seu sofrimento de uma infância cerceada pela miséria urbana. Aquele menino, com roupas rasgadas, tentando vender um doce barato. Tal imagem me trouxe de volta a realidade do Brasil. Pedi ao taxista que parasse o carro, logo que entramos na Rua Santa Clara. Por algum motivo eu senti a necessidade preemente de parar e ajudá-lo, mas Guilhermo tentou me impedir. Quando consegui sair do carro o menino já havia sumido em meio aos carros e a multidão. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Dispensei o táxi e fomos caminhando até a praia. No caminho contei a Guilhermo sobre quem fora Barata Ribeiro e imaginamos o que ele faria se visse toda a pobreza que cercava o lugar e rimos. Apesar da brincadeira e de Copacabana que se anunciava em seguida, eu não conseguia tirar da mente a imagem daquele menino tão sujo, com um olhar tão tristonho, com os dedos já batidos de tanto trabalhar, maltratado e enganado pelo tempo. Lembrei de outra cena que vi do avião, aquele emaranhado dantesco de casebres, de pequenas construções amontoadas gritando o desespero cotidiano de quem sofre de fome e de sede de pão e de beleza.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Guilhermo em sua sabedoria bateu em meu ombro e disse sorrindo:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Eu lhe compreendo Joaquim, mas agora precisamos atravessar a Atlântica.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Chegamos à areia e então pedi que sentássemos um pouco. Fiquei em silêncio por algum tempo, embora não possa precisar quanto tempo foi. Guilhermo disse que fiquei o tempo que era necessário para chorar em silêncio, embora eu sinceramente não me recorde de ter chorado.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O dia foi se despedindo lá no horizonte e precisávamos voltar ao aeroporto. Era madrugada quando chegamos e logo cedo quando Guilhermo partiu, prometendo que voltaria em alguns dias. Colombo estava ambientado ao lar, ainda que estivesse levemente dopado pela viagem. Olhei as poucas cartas de cobrança e de anúncios, abri as janelas para entrar um pouco de ar, mas o calor da cidade era insuportável. Assim passei o dia inteiro, reclamando do calor, que consumia meu tempo e meus pensamentos, evaporando-os a cada respirar. Liguei a televisão e o noticário destacava a morte de um menino de rua do Rio de Janeiro. Parei em pé em frente a televisão e vi espantado que Henrique da Silva havia sido morto em um confronto entre a polícia e os traficantes. Sua mãe chorava sua morte, a comunidade reclamava providências, as elites pediam paz. Uma trágica sinfonia de lágrimas, velas, cartazes, e no final do programa já se falava das belezas da praia e das fofocas dos artistas, ou seja, todos foram para suas casas com a certeza de terem feito o necessário, ainda que fosse apenas uma dose de autoengano.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O menino havia morrido. O menino que não consegui achar entre os carros e a multidão. E se eu tivesse o alcançado? Ele poderia estar vivo. E se? Tais dúvidas chicotearam minha mente criando um soturno abismo sobre meu ser.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">À noite, o calor insuportável não me deixou dormir. A pouca luminosidade da rua logo transformou o teto em um palco onde fantasmas e sombras dançavam e cantavam, eu ouvia as flautas, o fogo e a festa dos sátiros, de repente um grito desesperado de quem não quer abraçar o barqueiro. Um pouco adiante o barqueiro se aproximou e me cobrou a moeda. O menino chorando estava sentado no barco. Tentei falar com ele, mas Caronte me impediu, barrando-me com suas mãos frias em meu peito. Eu o respeitei e tirei do bolso duas moedas que sequer imaginei que estavam ali. Entreguei-as em suas mãos, ele sorriu e então o menino parou de chorar. Vi eles se afastarem e sumirem em meio à neblina.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Acordei. Eu estava delirando, totalmente ensopado de suor e assustado na busca pelo significado daquele sonho. Levantei, lavei meu rosto e fui tomar uma dose de whiskey. Abri a porta da sacada e sentei numa poltrona confortável. Uma leve brisa pouco esforço fazia para apaziguar o calor do dia. Fumei um cigarro e outra dose se fez necessária. Outro cigarro e uma nova dose, e assim fomos, eu e o velho whiskey, até as cinco horas da manhã, quando, vencido pela bebida, dormi sentado com os pés para fora da porta de vidro. Acordei as onze horas com o sol queimando meus pés. Tomei um banho, mas nada fazia efeito.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Foi o dia mais silencioso e triste dos últimos tempos. Guilhermo ligou dizendo que não poderia retornar naquela semana, mas prometeu regressar na seguinte. Algo estava estranho em tudo, como um quadro que faltasse na parede ou uma lembrança que se deixava esquecer sem ao menos sequer saber qual era. Parei próximo ao jardim e vi um belo copo de leite pérola negra que havia se aberto no período em que estivera fora. Por algum motivo fiquei fixado em sua beleza, absorto em devaneios e pensamentos desencontrados até começar a chorar – acho que pela falta de chuva – e chorei por dias e noites sem parar.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">As garrafas de whiskey se esvaziavam uma após a outra e um clima de trevas se fez diante de meus olhos. Os lábios balbuciavam conversas que tive sozinho, ininteligíveis para qualquer outra pessoa. Estava fraco e mal tinha forças para alimentar Colombo que parecia tentar de todas as formas me chamar a atenção para a vida. Porém, nada parecia fazer qualquer sentido. No segundo dia o telefone passou a tocar de tempos em tempos e os carteiros passaram a largar cartas e cartas em minha porta, mas eu preferi apenas me omitir da vida. Arrastei meu corpo até lá e levei todas até a mesa, onde abri uma após a outra, passando os olhos em todas, mas sem ler os conteúdos, jogando tudo no lixo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">No terceiro dia eu senti um pouco de fome, mas ao tentar comer, fui direto ao banheiro onde vomitei. De volta a cozinha, peguei outra dose de whiskey e ela me fez bem. Olhei meu rosto no espelho da sala e me assustei, pois pouco me lembrava quem já tinha sido um dia. Tentei recordar no passado um momento em que eu tivesse sido feliz, mas uma névoa cobria meus pensamentos e não pude recomeçar. As mãos abaixadas sobre a pia, o rosto molhado, a água escorrendo e levando embora toda minha força. Olhei novamente no espelho e vi Mozart doente me encarando e pactuando comigo meu leito de morte. Lembrei de tantos planos e projetos que eu mesmo boicotei, de tantas viagens que eu quis fazer, tantos lugares para conhecer, mas que foram todos jogados na lixeira da existência pelo comodismo e pelas desculpas que eu me dei ao longo do tempo. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Colombo deitado do meu lado abanava o rabo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- Sempre quis conhecer o Egito! A Grécia! Colombo, nós nunca fomos para o Tibet ou para o raio que o parta! – Ele apenas me fitou, demonstrando total solidariedade comigo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- As pirâmides, Colombo, todas as pirâmides!</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Comecei a chorar novamente, pelo simples fato de não conhecer o Egito. Parecia não haver esperança quando eu olhava meu rosto cansado, abatido, uma barba de tantos dias e as mesmas roupas da véspera. E permaneci assim pelos dias que se seguiram. Para evitar transtornos abri um grande saco de comida para Colombo e deixei tudo atirado no chão da cozinha. Para mim, providenciei três garrafas de whiskey que me acompanharam até o quarto. Foram mais três dias em total silêncio e solidão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Deitado em minha cama eu naveguei pelos mares da tristeza profunda que se abateu sobre minha embarcação e relutante fui obrigado a enfrentar meus demônios que pareciam rir de mim a cada instante enquanto eu me revoltava na cama. Meus olhos pareciam cerrados para sempre e me sentia preso sem ter qualquer amarra. Meu braço apenas tinha força para ingerir uma nova dose e em meu torpor eu entrei nesse transe maligno que me afundou ainda mais em minha decepção.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Com o tempo me acostumei a ter os olhos fechados, pois a cada vez que eu os abria, a dor e a vergonha aumentavam como ondas revoltosas que batiam em mim, tentando me afundar. Nesse delírio em que a realidade parecia se esvair por entre as frestas da janela, eu fui jogado para o mar e nas profundezas tão negras de suas águas eu vi minha vida se consumir diante do meu medo de encarar os fantasmas do passado. Torturado por minha própria mente, não vendo qualquer sinal de sanidade que tivesse restado, procurei em minha gaveta alguns comprimidos. A tristeza havia tomado conta de todo o ambiente e só consegui lembrar de recitar um poema de Florbela Espanca, que Colombo assistiu com muita atenção:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">– “Morte, minha senhora Dona Morte, Tão bom que deve ser teu abraço! Lânguido e doce como um doce laço E, como uma raiz, sereno e forte.”</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"> Comecei a rir. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- abraço da morte, meu caro. – falei para Colombo com a voz já fraquejando pelo excesso de álcool, enquanto enchia novamente o copo. Continuei.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- “Não há mal que não sare ou não conforte, Tua mão que nos guia passo a passo, Em ti, dentro de ti, no teu regaço, Não há triste destino nem má sorte”</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">- “Dona Morte dos dedos de veludo, Fecha-me os olhos que já viram tudo!”</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">O corpo enfraqueceu, o copo caiu no chão, os pensamentos flutuaram pela noite e eu cai na cama, repetindo o poema até desmaiar e os comprimidos cumprirem sua promessa.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 27pt;">- “Dona Morte dos dedos de veludo, Fecha-me os olhos que já viram tudo!”</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27pt;">Sobre a mesa uma carta escrita pela metade, endereçada a Guilhermo, escrita de próprio punho por Joaquim, na qual ele lamentava os erros, os enganos, o distanciamento. Dois parágrafos de recomendações sobre como cuidar de Colombo. Havia dinheiro na gaveta para tal providência. O terceiro e o quarto parágrafo se constituíam de nomes que deveriam ser contatados e ao lado de cada um havia uma mensagem que deveria ser lida. Na última linha o nome havia sido riscado, mas ainda era possível ler “Sophie”. Do lado estava escrito – <i>“Eu te amei, mas a vida é feita disso, uma grande caixa de sonhos, viagens e chás que nunca vingaram</i>”.</div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1602139260960852920.post-32707575081638293772011-01-06T19:58:00.000-08:002011-01-08T08:37:40.605-08:00A Valsa De Quem Não Tem Amor<div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><b class="editable_area" style="height: 15px;">A Valsa De Quem Não Tem Amor</b><span class="Apple-converted-space"> </span> </span></span></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><a href="http://www.vagalume.com.br/joao-gilberto/" id="info_url_artist" style="color: #006477; cursor: pointer; display: inline; font-style: italic; outline-width: 0px; padding: 0px 5px;">João Gilberto</a></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Minhas noites são fatais</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Meus dias tão iguais</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Tão só sem ter ninguém</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Minha imaginação destrói</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Meu coração</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">De viver na ilusão</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">De um dia amar alguém.</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area"></span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Nessa imensa solidão</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">A minha confissão</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Recorra tristemente.</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">Cantarei sozinho imerso em</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">minha dor</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><span class="editable_area">A valsa de quem não tem amor.</span></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"><br />
<a href="http://www.vagalume.com.br/joao-gilberto/a-valsa-de-quem-nao-tem-amor.html#ixzz1AJnq4Yoo" style="color: #003399; cursor: pointer; outline-width: 0px;">http://www.vagalume.com.br/joao-gilberto/a-valsa-de-quem-nao-tem-amor.html#ixzz1AJnq4Yoo</a></span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial,sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;"> </span></span><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/455zscu5URA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Alexandre Hedlundhttp://www.blogger.com/profile/15202071880094192911noreply@blogger.com0