terça-feira, 17 de agosto de 2010

Amigo em Berlim - Homenagem ao Maquininha

por Alexandre Nicoletti Hedlund


Oh meu amigo Maquininha

fala para mim

Como está a tua vida

pras bandas de Berlim



Fui na confra essa semana

e até lembrei de ti

tomei uma caracu

papeando com o Di



Sentimos sua falta,

oh grande camarada

mas sabemos do sentido

de sua mais nova jornada



Maquininha me despeço

pois preciso trabalhar

e assim juntar uma grana 

para poder te visitar



beberemos várias cevas

com as germânicas do lugar

e quem sabe ali fundaremos

o nosso próprio bar



Vou levar mais alguns amigos

para com a gente comemorar

o Edinho já confirmou

o China vai confirmar



Me despeço Maquininha

fique tranquilo por ai

uma hora aparecemos

e levamos junto o Di

sábado, 7 de agosto de 2010

Um sopro de vida para o Senhor Ericson

Um sopro de vida para o Senhor Ericson
por Alexandre Nicoletti Hedlund


   O Senhor Ericson trabalhara a vida inteira como limpador das válvulas das máquinas da indústria teceleira de Herrman Splitz. Certa noite, o Senhor Ericson, cansado de seu fastidioso labor, chegou em casa e, atravessando o grande corredor que se iniciara na porta de entrada e que o levaria até o lavabo, silenciosamente se sentou diante do espelho. 
   Seus olhos azuis contrastavam com a sujeira que o envolvia, realçando ainda mais o deplorável estado de seu corpo. Sua velhice precoce e o respirar carregado eram contemplados de forma serene pela imagem no espelho que o fitava.

- Seu velho idiota! Grande velho idiota! - sussurrou para o espelho.
- Não percebe a serenidade que tua vida não contempla? - exclamou.

Não conteve uma gargalhada.

- O que está acontecendo ai, pai? - gritou Mia, sua cansada e sofrida companheira de decepções.

- Nada, me deixe com meus fantasmas. - respondeu o Senhor Ericson.

Pegou suas mãos sujas e passando-as no rosto, percebeu que a sujeira se espalhava de lado a lado. Sentiu-se mais nojento, um ser desprezível em sua própria essência.

- O que esperava de ti? O que esperava de mim?  - balbuciou, sem levantar o rosto.
- Está falando com quem, homem? - gritou Mia, raspando uma colher na panela ao fogo.

E nesse momento o Senhor Ericson sentiu um sopro de vida, fulminando seu coração, enquanto ele caia ao lado da pia que Mia limpara a alguns minutos.

O Senhor Ericson recebeu flores de Herrman que não pode lhe saudar em seu funeral, pois na indústria, contratava-se outro limpador de válvulas.